Câmara de Vereadores de Sousa aprova homenagem a Pedro Abrantes, o “seu Pedro da Charrete”

Casal Pedro Abrantes e Rita Miranda

A Câmara Municipal de Sousa na sessão desta quarta-feira (16) prestou uma merecida homenagem a um sousense de saudosa memória, seu Pedro Abrantes, guarda do Aeroporto da cidade de Sousa que, por quase 50 anos, prestou serviço à comunidade. Em homenagem a ele foi nomeado uma rua com o seu nome, rua esta que se localiza no bairro Rachel Gadelha, imortalizando a memória de seu Pedro para a posteridade. Alguns membros da família do homenageado estiveram presentes na sessão da Câmara dentre eles a viúva de seu Pedro, Dona Rita Miranda e o seu neto, o Assessor de Comunicação da Câmara de Sousa o radialista Jackson Queiroga, dentre outros familiares e amigos.

Leia na íntegra um pouco da história do velho Pedro Abrantes:

No dia 20 de novembro de 1921 nasce Pedro Abrantes na região que hoje compreende a cidade do Lastro – PB, filho de Maria Raimunda e José Abílio Abrantes. De família humilde, ele foi o oitavo de nove filhos. Ainda na infância fica órfão de pai e mãe e é criado pelos irmãos. A sua data de nascimento é incerta, pois no ano de 1927 quando da passagem de um grupo de cangaceiros liderado por Virgulino Ferreira, o Lampião, ateou fogo a Igreja da comunidade de Barra do Juá, município da atual cidade de São João do rio do Peixe onde provavelmente estava o documento de batismo que atestava o dia real do seu nascimento. Com a perda desse documento, e baseado nas informações de seus irmãos mais velhos convencionou-se a data citada acima.

Começou a trabalhar no Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) na cidade de Coremas e no ano de 1941 se casa com a cearense Rita Miranda com quem teve 13 filhos, Isinha, Miranda, Maria Luíza, Jonas, Raimunda, Chico, Denilde, Luís, Dôra (In memoriam), Lúcia, Messias, Cidinha e Aloísio (In memoriam). Em 1946 se mudam para o Acampamento Federal de São Gonçalo, no município de Sousa onde trabalha como vendedor ambulante visitando vilarejos e muitas localidades da região até voltar aos quadros de funcionários do DNOCS em meados da década de 50. Em São Gonçalo passou a vistoriar os canais de irrigação.

Em outubro de 1959 recebe pedido de transferência para o campo de pouso da cidade de Sousa, sendo que no dia 5 de Fevereiro do ano seguinte, vem com toda a sua família para começar a jornada de trabalho que duraria 48 anos dedicados ao Aeroporto João Alvino Gomes de Sá e a coletividade paraibana.

Pai amoroso e esposo dedicado, sempre prezou pela honestidade e honradez, ensinando aos filhos a importância do bom caráter, e da dignidade. Apesar das dificuldades da época e da família numerosa, fazia questão de dar boa educação incentivando os filhos ao estudo, para que todos tivessem um futuro decente. Demonstrava sempre carinho com os filhos, e na ocasião de festas natalinas os acordava de manhã cedo, para que todos encontrassem presentes de natal trazidos por ‘papai-noel’, trazendo a ele e a Dona Rita enorme satisfação.

Ia diariamente ao centro da cidade para fazer suas compras e resolver os seus negócios no meio de transporte que então virou sua marca registrada: a charrete, que a utilizou por mais de quarenta anos, ficando conhecido como ‘Seu Pedro da charrete’. Cuidou dos aviões que lá posavam e do próprio Aeroporto como se fosse de sua propriedade, tamanho era o zelo e o interesse em preservar o bom serviço e atender bem as pessoas que lá chegavam. Dedicou seu tempo e seus esforços, para fazer o melhor como funcionário do DNOCS e até mesmo após se aposentar, continuou com a mesma preocupação em cuidar do patrimônio que estava sob sua responsabilidade.

No dia 27 de janeiro de 2007 o coração do velho seu Pedro parava de bater, trazendo silêncio aquele local, emudecendo os passarinhos e cobrindo de saudade os corações dos familiares e amigos, que eram muitos. Chega ao fim um casamento que durou 65 anos de amor e companheirismo, mais fica a lembrança de dias felizes, casa cheia.

“O uso da charrete bem o caracterizava, como pessoa de hábitos simples e inteligentes. [...] Foi-se Seu Pedro. Muitos aviadores, que por Sousa passaram e que também já estão no Plano Superior, certamente lhe deram uma "carona" para tornar mais breve a sua viagem ao encontro de DEUS. Voa... Seu Pedro. O senhor que assistiu a tantos pousos e decolagens. Chegou a sua hora de decolar e pousar num lugar bem pertinho de DEUS.”, escreveu o então prefeito de Sousa Salomão Benevides Gadelha num e-mail de condolências à família.

Fica o legado desse homem que construiu uma família baseado na honestidade e no exemplo de determinação. Como funcionário faz parte da história de Sousa, pelos serviços que prestou por quase meio século, com postura e caráter que deixa uma enorme lacuna, que talvez nunca mais seja preenchida.

A homenagem emocionou à todos, numa demonstração de reconhecimento ao trabalho e a honestidade de seu Pedro Abrantes. O projeto de lei foi de autoria do Vereador Denis Formiga (PMDB).

Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal de Sousa